A Europa abriga o dobro de startups de tecnologia climática em comparação com os EUA (30.000 vs. 14.300). No entanto, a falta de financiamento local está levando essas empresas a buscar capital externo, segundo um relatório divulgado na Conferência de Segurança de Munique.
Entre 2013 e 2023, o investimento em startups na Europa representou apenas 0,2% do PIB, muito abaixo dos 0,7% dos EUA. Apesar da liderança na criação de empresas de tecnologia limpa, o continente enfrenta desafios para financiá-las.
O relatório “A Importância da Tecnologia Climática para a Resiliência Europeia”, elaborado pelo Fundo Mundial, Kaya Partners e Worthy Partners, alerta que essa dependência de investimentos estrangeiros afeta a autonomia da Europa diante de crises geopolíticas e econômicas. A necessidade de importar painéis solares e veículos elétricos reforça essa vulnerabilidade.
A perda da vantagem em P&D de tecnologia climática é um exemplo disso. A Alemanha, pioneira em energia solar e eólica nos anos 2000, desacelerou seu crescimento após 2012, devido a políticas de tarifas e subsídios. A capacidade anual de energia renovável atingiu o pico de 9,7 GW em 2012 e só voltou a crescer em 2022.
Segundo Danijel Višević, do Fundo Mundial, a Europa tem uma nova chance de fortalecer sua resiliência e liderar indústrias estratégicas. Para isso, são necessárias políticas audaciosas e investimentos a longo prazo.
O relatório propõe mudanças em quatro áreas-chave:
- Energia: Modernização da rede elétrica e expansão do armazenamento de energia.
- Segurança alimentar: Desenvolvimento de soluções tecnológicas para produção sustentável.
- Tecnologias de fronteira: Apoio a inovações como IA, computação quântica e fusão nuclear.
- Matérias-primas: Redução da dependência de fornecedores estrangeiros.
Além disso, há um apelo para que a União Europeia aumente os gastos com defesa para pelo menos 3% do PIB e implemente um plano de €800 bilhões anuais em investimentos por meio de parcerias público-privadas.
Com essas estratégias, a Europa pode recuperar sua liderança, garantir independência econômica e fortalecer sua posição no cenário global até 2029.